Meu eu criança.

Desde criança, um dos meus maiores "vícios" era a televisão. Como toda e qualquer infante, os desenhos me encantavam, pelas animações, pelo humor e pela alegria que despertava boas gargalhadas, pelos traços engraçados ou até grotescos propositais das mãos de um bom roteirista. Sempre fui fã de desenhos, mesmo dos de ação, apesar de ser uma garotinha.

Na companhia dos meus irmãos, assistia muito o Warner Channel, e éramos fissurados nas criações do Spielberg - Animaniacs, Pink e o Cérebro e Freakazoid. Repartíamos o sofá também na hora de assistir filmes de comédia (meu gênero favorito), e recordo que o meu irmão mais velho (Rodrigo) assumia o comando em algumas idas às locadoras e optava na maioria das vezes por filmes dublados. Sou fluente em inglês há um bom tempo, e sempre preferia os legendados, mas no final, acabava gostando mais das vozes em português. Não somente porque era a língua mais comum aos meus ouvidos, mas porque convencia mais, soava mais real e transpassava até mais emoção que ler as frases da tela e ouvi-las em inglês.

Ainda criança, assistia muito ao Cartoon Network, e tive a oportunidade de ver o nascimento das Meninas Super-poderosas. Disso recordo bem: havia um programa do CN chamado "Desenhos incríveis, o Show", onde passavam três episódios de um desenho desconhecido. Não tenho certeza se funcionava assim, mas aparentemente o programa funcionava como uma "Prova de Fogo". Os desenhos que passavam ali e caiam no gosto do público logo mais teriam o seu próprio programa (e espaço) no canal. Aconteceu isso com Du, Dudu e Edu, Coragem, o cão covarde e com outros um tanto menores, do qual não recordo bem.

Me tornei fã das "Meninas Super-poderosas", mas o personagem que mais me cativou de todo o desenho não fazia parte do trio feminino. Era um personagem estranho, que me causava um pouco de medo, mas ao mesmo tempo me fazia rir. Era vermelho e tinha patas de lagosta, mas pra mim, lembrava o diabo. Talvez fosse essa a idéia de Craig McCracken ao criar um personagem com o nome de "Ele" - ou não. De qualquer forma, ele me chamava muita atenção, principalmente pela versatilidade da voz, que variava do agudo ao grave em segundos. Apesar de ser um vilão, eu gostava dele, e ele foi o motivo que me fez continuar a assistir as "PowerPuff Girls".

Falando ainda no Cartoon Network, outros desenhos me divertiam bastante, como "O laboratório de Dexter" e o destrambelhado "A vaca e o frango" (com "Eu sou o Máximo e Babão" em anexo, até virarem um desenho propriamente dito). Eis outra coisa da qual me recordo bem: "A vaca e o frango" passavam no Cartoon Network Às 21h, e o último episódio (eram sempre três, na sequência) era de "Eu sou o Máximo e Babão". Até da música - incrivelmente tosca - eu lembro, e isso faz meus olhos encherem de lágrimas e alguns arrepios surgirem. Sim, eu sinto saudades da minha infância, apesar de ter sido bem vivida. A música de abertura deles era mais ou menos assim:

"Não precisa de calça,
Fica bem assim,
O babão é melhor que o Possante
É a grande estrela do desenho animado..

"Eu sou o Máximo!"

O Babão acha mesmo que ele é o rei
Mas só faz besteira,
Nunca se dá bem.
E advinha quem ele vai sempre encontrar?

"Eu sou o Máximo!
Eu sou o Máximo!
Eu.. sou o Mmmmáximo!"


Possante era o outro nome do qual chamavam o Máximo. Era o desenho mais divertido da série, apesar de que tanto "A vaca e o frango" quanto "Eu sou o Máximo e Babão" tinham uma senhora liberdade, e as vezes até ultrapassavam um pouco da censura. O mais engraçado da dupla era, claro, o Babão, um babuíno burro de dar dó, que falava tudo errado e só se metia em encrenca. Eis aí outro personagem que me prendia a um desenho.

Foi mais ou menos nessa época que conheci juntamente aos meus irmãos o "Freakazoid", um desenho mais elaborado e até mais adulto (mas não no quesito "sacanagem"). Gostávamos tanto que gravávamos em fita alguns episódios pra assistirmos depois. Quando o Frika soltava uma de suas pérolas, ríamos e depois voltávamos a fita quantas vezes fossem necessárias até a sede de riso acabar.

No período adolescente, assistia também a Nickelodeon e conheci o desenho "Castores Pirados". Quando ouvi o Daggett (o castor marrom) falar da primeira vez, sabia que aquela voz era bem familiar. Instantaneamente, me tornei uma fã do desenho e do personagem. Na mesma época, passei a assistir mais filmes dublados, e depois de "O Grinch" e "Toy Story", fiquei muito intrigada com as vozes dos personagens do Grinch e do Buzz Lightyear, mas ficou só na cabeça.

Há uns anos, já mais adulta que adolescente, vidrei na Fox Kids num desenho chamado "Padrinhos Mágicos". Aos dezessete anos, quase mais ninguém assistia desenho, então eu não poderia saber quem assistia e quem não assistia ao tal. Mas uma coisa era certa: das 11h ao 12h na Fox Kids, eu me sentava no sofá pra assistir "Padrinhos Mágicos", fosse de criança ou não. E eu gargalhava até doer a barriga. Novamente, aquela voz familiar, agora empregada no personagem "Cosmo", o padrinho mágico de cabelo verde, sem um pingo de juízo na cabeça. Aquele jeito de falar, aquela voz.. Meu Deus, QUEM É ESSE CARA?

Esperei até o fim dos créditos do desenho. "Cosmo - Guilherme Briggs". Poxa, mas quem diabos é esse Guilherme Briggs? Tasquei o Google nele, e descobri que fora aquela voz que me acompanhou durante tantos momentos da minha infância, da minha adolescência e do meu período atual (que não chega a ser fase adulta por completo, visto que só tenho vinte aninhos) - nos desenhos, nas animações e nos filmes. Fiquei pasma com tanto talento e versatilidade em personagens tão diferentes. Ainda no Cartoon Network, tive a chance de pegar a fase do "Adult Swim", e me divertir com o Briggs como "Capitão Hank". Sem dúvida, um dos meus preferidos!

Como disse anteriormente, de início, eu era daquelas que preferia os filmes legendados, por gostar tanto do inglês. Não é bem o meu caso, mas boa parte das pessoas que conheço preferem os legendados, porque "o original é melhor", ou porquê acham careta assistir um filme dublado na sua própria língua. Pra mim, isso é coisa de quem se deixou levar pelo "Americanalhismo" (sim, um trocadilho infame). Quero dizer, o inglês é ótimo, a América do Norte nos trouxe muitas boas produções, e traz até hoje, mas devemos preservar primeiro o nosso, e valorizar, nesse caso, a nossa língua, e não somente a deles. Filmes como "Todo-Poderoso" e "Desventuras em série" são bem mais divertidos na versão dublada que na voz do próprio Jim Carrey (embora ele seja um grande ídolo meu).

Graças a descoberta de Guilherme Briggs, pude conhecer o trabalho de outros dubladores e me encantar mais por essa profissão que muitos julgavam ser fácil. Um dublador é um ator que se apresenta nos bastidores, que não precisa de nada além da própria voz pra mostrar seu potencial. O Briggs é um exemplo claro disso: além de excelente dublador, mostra um baita serviço dirigindo grandes produções (como "Os Simpsons - O filme" e o mais recente "Avatar"). Me tornei fã de carteirinha dele ao descobri-lo. Além do seu trabalho, procurei saber de sua história pessoal, o que me fez admirá-lo ainda mais. Não gosto de idolatrar as pessoas, mas seria escasso chamá-lo de outra coisa senão de meu ídolo. Melhor ainda é saber que esse cara é um carioca da mais pura simplicidade, além de ser um amor de pessoa e dedicar tanto carinho àqueles que o admiram.

Por conta da internet, muitos fizeram como eu e o descobriram, fazendo aumentar sua legião de fãs. Mesmo com tanta gente, ele se vira pra dar conta de todo mundo, e sempre que dá, responde um tweet, dá um recadinho, um "oi" ou o que seja. Se não dá mais do que isso, é porque o trabalho e a vida pessoal o consomem também - e cabe a nós fãs (ou admiradores, se ele preferir assim) entendermos, respeitarmos e nos contentarmos com a atenção que já nos é dada. Ele faz questão de manter uma relação estreita com aqueles que curtem o seu trabalho, e por nunca ter deixado a fama chegar à sua cabeça, ele é um artista tão querido por seus fãs.


Guilherme, te desejo um Feliz Natal e um 2010 repleto de realizações na tua carreira profissional e na vida pessoal também. Muitas felicidades o lado da Fran e do Tobias, e que Deus te ilumine bastante, e continue fazendo de você esse homem tão carismático e bem quisto por todos que conhecem um pouco de você.

Um abraço bem carinhoso,


@RaissaMateus


(só quero relatar aqui quão grande foi minha felicidade em receber a resposta - SIM, o Briggs falou comigo! Pois é, momento fanzine chucrute.. - do próprio. Aliás, que resposta. Ok, época natalina deixa a gente mais sensível, mas como um bom macho (coisa que eu não sou) diria, ele me fez suar pelos olhos! Palavras lindas do Briggs, que guardo com muito carinho. Ah, ainda chegará o dia em que eu entrarei num avião com destino ao Rio de Janeiro apenas para conhecê-lo pessoalmente. Pode parece fácil pra quem viaja o tempo inteiro ou que vê ofertas de passagens por R$ 0,99. O problema sou eu - quer dizer, está em mim: detesto aviões. Não morro de pânico, nem muito menos de amores. Viajei apenas uma vez pro Rio Grande do Sul, e a experiência não foi das melhores. Mas, vamos combinar? Pelo Briggs, vale a pena até andar de elevador. Será mesmo? Vish.. Nem brinca com isso!).

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Raissa Mateus

Inconfundivelmente inconstante. Mudo de horários, de fatos, de pessoas, de lugares, de estilos, de pensamentos, de atitudes, de conceitos, de rotinas. Já tentei ser parecida com muita gente que eu tomava como modelo, mas aos poucos percebi que não dava certo. Resolvi partir pra outra e tentar ser eu mesma, falando, pensando, agindo e fazendo (ou pelo menos tentando fazer) o que quero. Não sou de muitos, mas dos poucos que sou, sou por inteira. Amo todos com que faço questão de manter contanto. Já fui muito sonhadora, já quebrei muito a cara, já fui muito feliz, já passei por bons, maus, péssimos e ótimos momentos. Já tentei agradar todos, e o exagero de pretensão me faz ainda insistir na possibilidade remota de não ser detestada. Hoje não sou nada mais que um ponto de interrogação junto a um ponto de exclamação. A cada centímetro, uma surpresa, e a cada surpresa, uma dúvida. ;)