Quando escutei essa música pela primeira vez, achei ela engraçada e irônica, mas não passou muito disso. Até que fui escutando mais e mais vezes, e fui entendendo aos poucos o sentido real de todo o cd ("Be"). A priori, é bom saber o que diabos significa "Dea Pecuniae". Encontrei uma resposta em latim, onde "Dea Pecuniae" significa "Deusa do dinheiro". A partir daí, fui procurando saber mais da música, e me surpreendi com a capacidade de (principalmente) Daniel Gildenlöw. E, não, eu não deveria ter ficado tão surpresa assim.
O pouco que eu sei sobre o "Be" é que é um disco temático que trata em geral sobre o ser humano, levantando questões sobre Deus, o materialismo, a ganância, a criação do mundo e a existência humana. Depois de ouvir e refletir sobre a mensagem que o álbum passa, ficam algumas perguntas passeando pela mente: Será que, se fôssemos de fato uma experiência divina, e se recomeçássemos do zero, nós cometeríamos os mesmos erros e chegaríamos ao mesmo patamar? Será que, quando Deus nos criou, ele realmente pensou em fazer um ser à sua imagem e semelhança? Ou será que a criação humana foi uma tentativa de Deus de tentar compreender sua própria existência? Será possível superar essa eterna vontade de ser e ter, que caracteriza o impulso materialista e ganancioso, comum do ser humano?
O disco em si mexe com vários momentos, em ordem progressiva, desde a criação até a existência do homem, passando por Nascimento, Vida e Morte e Juízo Final. De fato, uma obra-prima, que se baseia no conceito de excelentes escritores, como Isaac Asimov, Carl Sagan e até o famoso Stephen Hawking.
A música da qual optei por falar, "Dea Pecuniae" tem como centro Mr. Money, que representa não somente o dinheiro em sim, mas tudo que há de materialista neste mundo. Ela é dividida em três tempos, entitulados por "I. Mr. Money", "II. Permanere" (quer dizer "frio", também em latim), e "III. Raise my glass" (que, assim como em outras partes da música, significa o brinde e a celebração ao materialismo e ao dinheiro).
Não se faz necessário dissecar a letra da música, mas somente ouvi-la (bem como a tradução, vale salientar) e deixar ser convencido pelo próprio Gildenlöw. Uma das partes mais interessantes da música, que faz uma crítica ferrenha à sociedade, inclusive àquela minoria que o escuta, está na parte III, quando Mr. Money diz: "Vejam: assim como eu, vocês vivem para mim até o dia de suas mortes. Por isso, eu brindo a todos vocês que realmente acreditam que sou pago pela minha enorme responsabilidade, pra todos vocês que caem nessa e pagam as minhas contas, e pra todos vocês que pensam que meu modo de vida não afeta o meio-ambiente ou a pobreza... Bem, talvez não mais do que marginalmente. Que bom pra vocês! E querem saber? Um brinde a vocês... Ergo a minha taça para aqueles entre vocês que dão suas fatias do bolo de graça para que eu as jogue na cara da democracia, para aqueles que ajudam a tornar a solidariedade ideologicamente fora de moda e a caridade individualmente idiota, não sábia e característicamente maleável. Eu vos saúdo, pobres bastardos, porque todos vocês consentem enquanto eu sento à vossa mesa. Vamos brindar uma última vez, para dar a todos vocês o maior reconhecimento e crédito de todos os tempos - porque, afinal de contas, vamos encarar, esse é o único "obrigado" que vocês algum dia receberão. Então vamos lá - levantem suas taças! Um brinde a vocês! Nada restará - não! Nada, além do dinheiro."
E é assim que a música termina. A última frase dela faz tintilar na mente aquela antiga frase que sempre escutamos: "Desta vida, nada levaremos". De que importa almejar tantas riquezas e construir tantos patrimônios durante a vida, se não poderemos levar nada quando fomos embora deste mundo? Claro, não condeno a busca pela felicidade terrena, fazer isto ou aquilo porque te traz felicidade. Mas discordo do exagero, do muito fazer pelos outros, da demasia e da ganância, do excesso de materialismo. E não sejamos hipócritas, diheiro traz sim felicidade, pra quem sabe usá-lo. E assim como todas as outras coisas mundanas, digo e repito (e reafirmo que a frase torna-se cada vez mais incidente porque sou uma libriana, que preza sempre pelo equilíbrio - embora eu não acredite em Astrologia) que tudo demais é veneno, inclusive o dinheiro. Gildenlöw, assim como eu, condena somente o exagero, afinal, ninguém se convence de que o dinheiro que tem é o suficiente, e acaba fazendo da vida uma eterna busca por mais e mais dinheiro. Engraçado, não?
Eis o vídeo da música. Vale a pena. ;)
Sobre "Dea Pecuniae".
Postado por
Raissa Mateus
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
1 comentários:
Legal como cheguei aki... to ouvindo pain of salvation (Be)... entrei no blog do guilherme briggs, li seu comentário, entrei no post e vi nos posts anteriores sobre a Dea Percuniae... ótima musica... o mr. money é o cara hehehe
abraços
see you
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